Terapia Ocupacional e você

 

O QUE É TERAPIA OCUPACIONAL???    

Por Barbara Greghi Reche Cavenaghi

 

COMO SURGIU

            A Terapia Ocupacional é uma profissão de nível superior criada em 1915 na cidade de Chicago, EUA . Tinha como objetivo reabilitar pessoas que sofreram mutilações na 1a Guerra Mudial para retornarem ao trabalho, daí o nome “ocupacional”.

            No Brasil iniciou sua prática com pessoas com transtornos mentais e reabilitação física de pessoas com hanseníase, sendo reconhecida como nível superior em 13 de outubro de 1969.

           Com o tempo, a proposta de retorno ao trabalho se modificou dando origem a um intuito de inserção social. 

 

OLHAR

 

             A Terapia Ocupacional é uma área da saúde que aborda o sujeito em sua integralidade nas áreas social, física e mental. Primeiramente serão descritas separadamente, para melhor compreensão, e depois juntas.

 

 

SOCIAL: com quem e onde a pessoa atendida realiza suas atividades; vida familiar e social; convívio em grupos; religião; habitação; relações no trabalho; situação socioeconômica; uso de serviços (transporte, atividades culturais).

FÍSICA: força; amplitude de movimento; preensão manual; pinça; coordenação motora global e fina; habilidade manual; uso preferencial; percepção corporal; sensibilidade.

MENTAL: memória; atenção; criatividade; imaginação; sensações.

 

            Nos dias de hoje observamos uma segregação do individuo, tanto por áreas como por partes do corpo. A T.O. é uma profissão que rompe com essa abordagem e propõe um olhar unificado, não para uma parte do indivíduo, nem sua doença e nem mesmo o individuo apenas, mas sim, para a “totalidade do individuo”, ou seja, a pessoa atendida, seu contexto, família, amigos, trabalho, local onde mora, locais por onde passa, história de vida...

FERRAMENTA: ATIVIDADE

Bem, até aqui já vimos o olhar da T.O. agora vamos conhecer sua principal ferramenta: a atividade:

Constituídas por um conjunto de ações que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidade e estabelecem mecanismos internos para sua realização. (CASTRO, LIMA, BRUNELLO, 2001 p 47)

BRUNELLO, M.I.B. Terapia Ocupacional e grupos: uma análise da dinâmica de papéis em um grupo de atividades. Rev. Ter. Ocu. Univ. São Paulo, v.13, n.1, p. 9 -14, jan./abr. 2002.

           A atividade constitui o “fazer-humano” e a partir dela o terapeuta ocupacional trabalha a relação. A atividade é um meio para alcançar um objetivo (melhorar memória, habilidade manual etc) e não o fim, ou seja, o terapeuta está atento para a relação estabelecida na atividade e não somente no produto. Dispomos de um vasto leque de possibilidades, são exemplos:

- Atividades artísticas: Possibilitam expressão do inconsciente, autoconhecimento, reconhecimento de sentimentos e ansiedades. Pinturas, música, esculturas, dança...


-Atividades cognitivas: Exercitam atenção, memória, percepção, concentração. Jogo da memória, escrita, leitura, debates, jogos de montar...

- Atividades lúdicas: Não é usado somente com crianças, mas com adultos e idosos também. Promovem desenvolvimento do jogo simbólico, sociabilizarão, melhoram a atenção, memória, imaginação. São, por exemplo, jogos de quebra-cabeça, bola, cirandas. O brincar possibilita a exploração e o conhecimento do mundo e de si mesmo.

- Atividades laborais: apresentam um produto final, ainda que a visão do terapeuta ocupacional pode estar mais voltada para o processo. Tem o intuito de promover valorização do eu, descoberta ou reforço de potencialidades. Podem ser atividades como o crochê, o bordado, o artesanato (que inclusive pode ter o intuito de gerar de renda).

-Atividades culturais e de exploração do território: Voltadas ao exercício da cidadania, como o lazer, o trabalho, o conhecimento de lugares e pessoas. Exemplos: pegar o ônibus, ir ao cinema. Por que explorar demais espaços além do local de atendimento? Porque isso possibilita uma outra relação usuário-terapeuta e sussita outras questões. Além disso, promove o exercício da cidadania, demonstra que o usuário existe e também tem o direito de usar serviços. 


-Atividades corporais: dança, trabalhos corporais, esportes. Usada para regular o tônus, conhecer o próprio corpo, perceber tempo, espaço, ritmo, distância; diminuir tensões, conhecer as próprias potencialidades, entrar em contato com o outro, sociabilizar-se.Atividades de vida diária (AVD´s): é o foco da t.o. portanto todas as outras são rodeadas pelas AVDs, ou seja, o t.o. Pode utilizar de várias atividades para a promoção da autonomia e indepensencia nas AVDs:

- auto-cuidado

- lazer

- alimentação

- trabalho

- uso de serviços

-locomoção

QUAL A DIFERENÇA ENTRE AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA?

 

Autonomia ou autogoverno refere-se a escolher aspectos referentes a atividade. Como escolher a cor da camisa que vai vestir ou o alimento que vai comer.

Autogoverno, autodeterminação, da pessoa para tomar decisões que afetam sua vida, sua saúde, sua integridade físico-psíquica, suas relações sociais. Refere-se a capacidade do ser humano decidir o que é “bom” ou o que é “seu bem-estar (MUÑOS1 apud LIBERMAN, TEDESCO, SAMEA, 2006)

MUNÕZ, D.R.; FORTES, P., O princípio da Autonomia e o consentimento Livre e Esclarecido. In: Iniciação à Bioética. [S.I.]: CRM; 1998.

 

Independência é ter condições física e mental de realizar a atividade sem auxilio. Vestir a camisa; colocar a comida no prato, usar talheres.

 

Uma pessoa pode ser autônoma e não ser independente?

Sim, ela pode escolher que vai usar a camiseta amarela, mas não ter coordenação motora para vesti-la.

Uma pessoa pode ser independente e não ser autônoma?

Sim, ela pode conseguir colocar a camiseta, mas não refletir qual cor e modelo é mais apropriado para a ocasião e não poder escolher. Geralmente esse caso é mais associado a questões sociais, onde a pessoa não conhece a própria identidade, sente-se incapaz ou sem o direito de escolher.

 

PRÁTICA EM TERAPIA OCUPACIONAL

          Já vimos que a T.O. usa uma série de recursos para promoção da autonomia e independência, mas como isso ocorre???

         Podemos pensar em três formas básicas:

1- REALIZAR ATIVIDADES PARA DESENVOLVER ASPECTOS NECESSÁRIOS:

         Usar uma dança para trabalhar noção de cores, percepção corporal e espacial, coordenação motora global e fina com o intuito de vestir uma camisa.

         Usar um jogo pensando em desenvolver raciocínio, atenção e memória com o intuito de melhorar o desempenho da pessoa na escola ou trabalho.

         Então quer dizer que em um atendimento com uma criança, eu posso oferecer a ela um quebra cabeça para trabalhar formas e cores??

         Com um adulto, posso oferecer artesanato para trabalhar geração de renda??

         Com um idoso, crochê para trabalhar habilidades manuais??

Não.

        Porque não existe uma receita do que é trabalhado em cada atividade; é a pessoa atendida que escolhe a atividade a ser realizada, pois o principal objetivo do t.o. é a promoção da autonomia e independência, portanto a partir da atividade escolhida, o t.o. busca incorporar os aspectos terapêuticos nessa atividade. O plano terapêutico, portanto é feito em conjunto terapeuta-usuário. Isso não impede que o terapeuta faça sugestões e coloque desafios, mas nunca imponha. 

             Se a criança escolhe tocar um instrumento musical? Podemos trabalhar coordenação, mas e para trabalhar conhecimentos de formas e cores? Podemos usar as cores e formas do próprio instrumento.

 

2- PODEMOS PENSAR TAMBÉM EM VESTI-LA DE UM JEITO DIFERENTE DO HABITUAL

 

3- ADAPTAR A ATIVIDADE:

Quando não é possível que o indivíduo realize a ação desejada, é possível realizar adaptações:

 

 Engrossador

 Adaptação de talheres

 

 

 

abotoador

calçador de meias

adaptação para uso de telefonee computador

 

 

Locais de atuação

  • Hospitais (enfermaria e UTI)
  • Clínicas
  • Empresas (responsável técnico em tecnologia assistiva)
  • Centros de Reabilitação
  • SUS
  • Escolas e creches
  • Ambulatórios
  • Unidades Básicas de Saúde
  • Atndimento domiciliar
  • Assessorias
  • Instituições de Ensino Superior
  • Consultorias em empresas, escolas, entidades públicas e privadas

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